O Centro Especializado em Reabilitação (CER II Tucuruvi) sediou um treinamento direcionado aos profissionais da Unidade e de outros territórios sobre aplicação de toxina botulínica em pacientes com espasticidade. Trata-se de uma iniciativa da Área Técnica da Saúde da Pessoa com Deficiência do município de São Paulo, com o intuito de ampliar o uso deste recurso em outros CERs do município.
A espasticidade muscular é um distúrbio que gera aumento do tônus muscular, gerando uma maior dificuldade da ação sinérgica dos músculos, o que impacta negativamente a vida do paciente e atrapalha as metas da reabilitação. Ela ocorre, geralmente, em decorrência de lesões neurológicas, como Acidente Vascular Encefálico (AVE) ou Traumatismo Cranioencefálico (TCE), por exemplo. “A espasticidade altera o equilíbrio entre os músculos, que perdem a capacidade de relaxar e estão constantemente contraídos. Ela prejudica os movimentos, interferindo em atividades rotineiras, como por exemplo se vestir, tomar banho, escrever e se alimentar. A toxina botulínica produz o relaxamento da musculatura, ela atua bloqueando a liberação de diversas substâncias dos neurônios que promovem a espasticidade e também impede a liberação de substâncias que produzem dor”, esclarece a médica fisiatra da UNIFESP, Dra. Lúcia Helena Mercuri, responsável por ministrar o treinamento.
Dentre os objetivos da utilização de toxina botulínica como parte do tratamento a pacientes com espasticidade estão: o aumento da mobilidade e da amplitude de movimento, aliviar as dores decorrentes da contração e facilitar a realização da higiene dos membros afetados, além de outras atividades funcionais. “A aplicação da toxina botulínica é uma importante ferramenta para a reabilitação, porém, de forma exclusiva, não é capaz de resgatar a qualidade de vida do paciente, ela deve fazer parte de um programa multidisciplinar, que envolve fisioterapia, terapia ocupacional, entre outras estratégias definidas de acordo com cada caso”, alerta Dra. Luciana Diniz Freitas, Assessora da Área Técnica da Saúde da Pessoa com Deficiência da Secretaria Municipal de Saúde (SMS/SP).
Sobre o CER II Tucuruvi
É um ponto de referência para a Rede de Atenção à Saúde da Pessoa com Deficiência e tem a finalidade de realizar diagnósticos e tratamentos de pessoas com deficiência, além de promover a concessão, a adaptação e a manutenção de tecnologia assistiva, sendo a reabilitação/habilitação realizada de forma interdisciplinar e com o envolvimento direto de profissionais, cuidadores e familiares nos processos de cuidado. “Esse acompanhamento acontece a partir das necessidades de cada indivíduo, considerando o impacto da deficiência sobre sua funcionalidade, bem como os fatores clínicos, emocionais, ambientais e sociais envolvidos. O usuário é acolhido no CER por uma equipe multidisciplinar, sendo realizada uma avaliação multiprofissional inicial com objetivo de elaborar um projeto terapêutico singular que promova uma melhor qualidade de vida”, explica Patrícia Theodoroff, gerente do CER II Tucuruvi, que é gerido pela Sociedade Brasileira Caminho de Damasco (SBCD).